sexta-feira, 20 de maio de 2011

Colinenses nº 6 - Colina levanta a bola - crônica do Emb. Renato Prado Guimarães


            Colina levanta a bola

                     Dizem-me que Camila Brait, a levantadora da equipe de vôlei de Osasco e reserva na Seleção brasileira, é de Colina. Sem dúvida, uma alta distinção para a cidade. Mas o que parece ser ignorado é que tem raízes também em Colina a maior levantadora de vôlei de todos os tempos, Fernanda Venturini. 
                    Vamos ao começo. Leiam esta nota de “O Colinense” em 15 de setembro de 1929, localizada pela equipe do blogue: 

                               “Consórcio. Realisar-se-ão, no dia 18 do corrente,                              
                                à 14 horas, em a Fazenda São Joaquim, deste 
                                município, as cerimônias nupciais da prendada 
                                senhorinha Zenaide Prado, filha do snr Urbano 
                                Prado, com o distinto moço Julio Venturini, 
                                guarda-livros nesta praça e filho de Catharina 
                                Venturini, residente em Campinas...”

                     Meu avô Urbano Prado foi administrador da São Joaquim (antes de ser proprietário da Pharmacia Sta. Izabel). Julio Venturini e Zenaide (minha “tia Doca”) tiveram dois filhos, Maria Helena e Julio Prado Venturini. Moraram num imóvel na rua Antonio Guarnieri, entre a avenida da Estação e a Sete de Setembro. Uma casa do outro lado do posto, à direita de quem desce, pintada de verde suave, até hoje. Ali passei muitas férias, na companhia de meu primo Julinho, companheiro de futebol e demais traquinagens infantis. Quase ao mesmo tempo que meus pais, a família Venturini mudou-se para São Paulo, onde fomos ser vizinhos na rua Botucatu, Vila Clementino. Fizemos primário, ginásio e colégio juntos, Julinho e eu, no Liceu Pasteur, ali pertinho. Depois, os tios se mudaram para Campinas,  ele fez a Politécnica, eu a São Francisco, nossos rumos se separaram. Mas não nossa amizade, que prevaleceu sobre as distâncias, pelo tempo em que ele durou.
                    Julinho faleceu cedo, para pesar e mágoa de todos nós. Mas antes nos deixou esse legado valioso, que é a Fernanda, das mais altas e persistentes glórias de nosso esporte. Vi-a, pessoalmente, só uma vez, num torneio no Japão, ela afastada (provisoriamente) das quadras, mas acompanhando o Bernardinho, seu marido. Junto estava a filha, Julia (!), àquele tempo com 6 ou 7 anos,  muito viva e esperta,  a primeira a passar por baixo da grade e invadir a quadra  do estádio de Tóquio para celebrar notável vitória das brasileiras, que lhes deu mais um título mundial. Bonita, elegante e simpática, a prima; não houve tempo para falarmos, contudo, de nossas origens comuns em Colina.
                      O blogue insiste em que eu faça este registro, e concordo com prazer, para mostrar que também no esporte, e mais além do polo e do hipismo, há gente que levanta Colina à altura de seus outros incontáveis méritos. 
                     Fernanda vai virar, por sinal, boneca da Barbie. Com camisa 14 e tudo. 
                     O Napoleão reinante (Jorge)  me conta agora que foi o guarda-livros e “distinto moço” Julio Venturini quem convenceu o fundador da dinastia, Napoleão I, a vir de Campinas para Colina, ainda nos idos dos anos 20 do século passado. O argumento era trivial, mas sábio: lá tem os Junqueira, muito bons na terra e com o gado, mas que não sabem nada de como lidar com papel... Parece que o Júlio pai e o Napoleão I frequentaram a mesma escola de contabilidade, a famosa Álvares Penteado, embrião da FAAP, das mais prósperas universidades de São Paulo hoje. Não sei se tio Júlio rabiscou papel para os Junqueira; sei, porém, que era muito ligado aos Marques madeireiros, com os quais foi trabalhar também na Capital. Acho que com o Alípio.

AG Rio de Janeiro (RJ) - 02/07/2012 - Por ocasião do lançamento de uma linha de bonecas atletas, a Fernanda Venturini ganhará uma versão personalizada com as feições dela vestida com uniforme da seleção brasileira de vôlei (com o seu número 14 estampado).


SOBRE O AUTOR:

Renato Prado Guimarães nasceu em Colina, Estado de São Paulo.
Começou a carreira profissional como jornalista, nas “Folhas” e no “O Estado de S. Paulo”; paralelamente, formou-se na Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco.Diplomata desde 1963, foi Secretário de Embaixada em Bruxelas e Bogotá, Chefe do Escritório Comercial do Brasil nos EUA, Cônsul Geral ad interim em Nova York, Ministro-Conselheiro na Embaixada em Washington e Encarregado de Negócios junto aos EUA, ad ínterim.Promovido a
Embaixador em 1987, exerceu aquela função na Venezuela, no Uruguai e na Austrália (cumulativamente, também na Nova Zelândia e em Papua-Nova Guiné). Foi igualmente Cônsul-Geral do Brasil em Frankfurt, na Alemanha, e em Tóquio, no Japão.
No Brasil, foi Chefe da Divisão de Programas de Promoção Comercial, porta-voz do Itamaraty na gestão Olavo Setúbal e Chefe do Gabinete do Ministro Abreu Sodré; fora de Brasília, foi Chefe do Escritório do Ministério das Relações Exteriores em São Paulo – ERESP, que instalou.Aposentou-se em abril de 2.008. Reside atualmente em Colina, sua terra natal, interior de São Paulo, Brasil.

É o autor de “Crônicas do Inesperado”, lançado em outubro de 2.009.
Para contatos, usar o endereço de e-mail rpguimar@gmail.com


Aberto às suas opiniões, sugestões, etc... 



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