sexta-feira, 20 de maio de 2011

Colinenses no. 60 - Carona do meu avô - crônica do Emb Renato Prado Guimarães


                        Aproveitei minhas idas e vindas ao redor de nosso simpático necrotério para verificar o estado do túmulo de meu avô, Urbano Prado, duas vezes Prefeito de Colina, segundo proprietário da Pharmácia Santa Izabel, por longo tempo administrador da Fazenda São Joaquim. Ele faleceu a 24 de dezembro de 1942, na própria Pharmácia, onde eu havia nascido pouco mais de 4 anos antes. Sua filha Wanda Prado (esposa do Antonio Olintho Nogueira), tomava conta, mas também faleceu, em Barretos, uns três anos atrás. O jazigo está bem, íntegro, apesar de uma ou outra trinca no belo mármore negro, mas a poeira do tempo também jazia sobre ele, intocada desde que os zelosos cuidados de minha tia se tornaram impossíveis.

                       Na qualidade de descendente mais próximo, agora residente em Colina, resolvi tomar a mim a tarefa da tia Wanda, e mandei dar uma arrumada. Dizer que ficou atraente seria exagero, e dar margem a mórbidos mal-entendidos; mas que ficou bonito, ficou, em sua simplicidade de retângulos negros superpostos, só contrastados por também singelas e simétricas curvas verticais na cabeceira. Um pequeno livro em mármore branco, aberto, com o nome do falecido e as datas de * e +, é o único adorno. (Parece que o túmulo, discreto e de bom gosto, foi encomenda do genro Julio Venturini – pai do Julinho e avô da prima Fernanda, a musa do vôlei)[1].

                 Estou conversando com o Eugênio sobre o que mais fazer com o jazigo, na esperança de um dia, remoto ainda – espero! -, pegar carona com meu avô.

                
    Carona de Caronte.[2]



[1] V. Colinenses no.17

[2] Wikipedia: “Na mitologia grega, Caronte (...) é o barqueiro do Hades, que carrega as almas dos recém-mortos sobre as águas dos rios Estige e Aqueronte, que dividiam o mundo dos vivos do mundo dos mortos”. Será a origem da palavra carona?



SOBRE O AUTOR:


Renato Prado Guimarães nasceu em Colina, Estado de São Paulo.
Começou a carreira profissional como jornalista, nas “Folhas” e no “O Estado de S. Paulo”; paralelamente, formou-se na Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco.Diplomata desde 1963, foi Secretário de Embaixada em Bruxelas e Bogotá, Chefe do Escritório Comercial do Brasil nos EUA, Cônsul Geral ad interim em Nova York, Ministro-Conselheiro na Embaixada em Washington e Encarregado de Negócios junto aos EUA, ad ínterim.Promovido a
Embaixador em 1987, exerceu aquela função na Venezuela, no Uruguai e na Austrália (cumulativamente, também na Nova Zelândia e em Papua-Nova Guiné). Foi igualmente Cônsul-Geral do Brasil em Frankfurt, na Alemanha, e em Tóquio, no Japão.
No Brasil, foi Chefe da Divisão de Programas de Promoção Comercial, porta-voz do Itamaraty na gestão Olavo Setúbal e Chefe do Gabinete do Ministro Abreu Sodré; fora de Brasília, foi Chefe do Escritório do Ministério das Relações Exteriores em São Paulo – ERESP, que instalou.Aposentou-se em abril de 2.008. Reside atualmente em Colina, sua terra natal, interior de São Paulo, Brasil.

É o autor de “Crônicas do Inesperado”, lançado em outubro de 2.009

Para contatos, usar o endereço de e-mail rpguimar@gmail.com
Aberto às suas opiniões, sugestões, etc...

para saber mais sobre o autor, por favor, acesse o link:
http://colinaspaulo.blogspot.com.br/2012/04/renato-prato-guimaraes-autor-colinense.html

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